CORRENTES DO PT PEDEM CONVOCAÇÃO 'IMEDIATA' DE ELEIÇÕES INTERNAS.
Integrantes do movimento intitulado Muda PT, que conta com integrantes de cinco correntes do partido, reuniram-se nesta segunda-feira (17) em Brasília e cobraram a convocação "imediata" de um congresso do partido para escolha de uma nova nova direção partidária. O grupo se diz descontente com a atual cúpula da sigla, presidida por Rui Falcão.
O Muda PT é composto por integrantes das correntes Articulação de Esquerda, Avante S21, Esquerda Popular Socialista, Mensagem ao Partido e Militância Socialista.
As eleições para definição do sucessor de Falcão estavam previstas para setembro de 2017, mas, no começo deste mês, após reunião da Comissão Executiva Nacional, em Brasília, o presidente do PT disse que o partido decidiu antecipar do segundo para o primeiro semestre do ano que vem a escolha da nova direção.
Com a convocação "imediata" do congresso, o Muda PT diz esperar que a nova diretoria seja escolhida já no primeiro trimestre de 2017, antecipando em cerca de três meses a substituição da atual cúpula.
Para o secretário nacional de formação do partido, Carlos Árabe, integrante da corrente Mensagem ao Partido e do movimento Muda PT, a "urgência" da troca no comando da sigla se justifica, entre outros motivos, pela derrota de candidatos petistas nas eleições municipais – o PT registrou uma queda de 59,4% no número de prefeituras no primeiro turno do pleito de 2016 em comparação com 2012.
"A urgência [da troca da atual direção] é porque sofremos um golpe [o processo de impeachment], sofremos uma derrota eleitoral e nós temos questões que precisam ser esclarecidas, como as denúncias de corrupção que nós sofremos que nós entendemos que precisam ser esclarecidas para o próprio PT", disse Árabe.
Além disso, para o Muda PT, diz, a "maioria" do partido "se nega a reagir à gravidade do momento".
Congresso
Após a reunião do Muda PT, Carlos Árabe disse ser contra o Processo de Eleições Diretas (PED), que está previsto no estatuto do partido e está marcado para o primeiro semestre de 2017, porque, para ele, o mecanismo se resume a uma "simples votação", sem debate de ideias.
"No PED, o filiado vai, vota e volta para casa. Não há debate, não há discussão de ideias, o que é necessário para este momento que o partido atravessa", afirmou o dirigente.
Questionado sobre o que o Muda PT vai fazer caso a cúpula do partido não convoque o congresso de forma "imediata", Árabe disse que será necessário fazer um balanço, mas evitou falar em desfiliações ou formação de um novo partido.
"Acreditamos que vamos conquistar a maioria para a realização do congresso e das mudanças que acreditamos necessárias", disse.
Substituto
Atual presidente do PT, Rui Falcão, acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assumiur o comando da sigla porque é uma "unanimidade" no partido. Atualmente, Lula é réu em três processos na Justiça e é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal.
Segundo relatos de dirigentes da legenda ouvidos pelo G1, contudo, ainda não há consenso sobre se Lula deveria assumir a função. O Muda PT, por exemplo, defende uma renovação na sigla, mas evita falar em nomes para suceder Rui Falcão.
Já o deputado José Guimarães (CE), da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), cita o ex-ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia Jaques Wagner como uma possibilidade para ocupar a presidência do PT.
Nota
Veja abaixo nota divulgada pelo Muda PT sobre a troca no comando do partido:
"Declaração da Plenária das/os militantes que querem Mudar o PT
Reunidos no Diretório Nacional do PT no dia 17 de outubro de 2016, em Brasília, militantes de vários coletivos, tendências e movimentos populares realizaram uma grande plenária em defesa de mudança de rumos do Partido dos Trabalhadores.
Diante do golpe de Estado contra a democracia, os direitos sociais e a soberania nacional, reafirmamos nossa disposição de lutar contra o governo golpista de Michel Temer e em defesa de Lula e de um PT socialista, democrático e de massas.
Conclamamos a toda a militância do nosso partido a ocupar as ruas e os espaços do Partido dos Trabalhadores em defesa de um grande e imediato Congresso do PT, que seja capaz de apresentar uma nova estratégia, programa e direções partidárias.
A vida nos exige coragem e o que nos une é a disposição de mudar o PT. A atual maioria do partido, além de se negar a reagir à gravidade do momento que vivemos, quer limitar o debate partidário a realizar ou não um PED - Processo de Eleições Diretas.
Nossos sonhos e lutas não cabem nesses artifícios burocráticos. Queremos mudar o PT para reconquistar o apoio da classe trabalhadora, da juventude e das novas lutadoras e lutadores sociais mobilizados em todo o Brasil.
Realizaremos nos próximos dias 3 e 4 de dezembro um grande Encontro com todas e todos os que querem mudar o nosso partido. Que este debate seja levado para todos os diretórios, movimentos populares, sindicalistas da CUT, intelectuais e lutadores sociais do país.
Brasília, 17 de outubro de 2016."
Fonte: G1
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